ópera de Vítor Rua para percussão, suporte digital, vídeo e performance
João Pedro Lourenço - percussão e performance
Vítor Rua
Sonic Rumble with Green Mustard (2022) #
# estreia absoluta
"O encontro entre João Lourenço e Vítor Rua é uma viagem idiomática, painel de linguagens entre os tutti; a variação e a multiplicidade idioletal torna insusceptível qualquer classificação estilística e tipológica unívoca, pois é uma montagem heterofónica; é um fluxo descontínuo e desconstrutivo, com diferenciadas frentes idioletais e idiomáticas.
O idioleto, ou seja, o discurso singular e privado destes músicos, é uma função esquizóide, impõe o seu selo a toda a sintomatologia, exibe um código, privado e independente, de um só locutor, emerge da significação catártica da experiência musical”.
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“A nave “Sonic Rumble” beijou languidamente a superfície do planeta O`Culto da Ajuda.
O oiro do rio cravejava em mil estrelas o firmamento da ramagem repleta de percussões; raios de vento solar agitavam os anéis refulgentes da água, argênteos cometas sopravam no veludo das folhas. Cada cintilação era relativa a um som específico no radar mental.
Muito longe, a neblina de Betelgeuse, quase silenciosa; além, Aldebaran, mais próxima e intensa, chispando clusters de sons; com um ruído fantástico, a fosforescente Alfa Centauri; deleitou-se com a energia sónica radioforme do frutedo de Cassiopeia; mini-relâmpagos alumiavam o líquido Orion num som estrídulo percussivo e contínuo.
Ouvia-se o chocalhar do rio na sua curva de Via Láctea, rasgando a vegetação atonal; a nebulosa magalhânica das copas entrava em amorce com a Lua de Magalhães; o micro-tonal duma super nova ofuscante; seguiu-se um vazio silêncio que cegava infra-sons acelerados… depois… misticamente… glissando e, súbita agitação das folhas musicais prenhes de seiva.
Ouviu-se uma gama entre sons infra e ultra, raios resplandecentes de percussões. Impulsos sonoros informacionais variáveis, vibrafones sibilantes.
Na perspectiva textural, uma tarola, Tau Ceti, roçava em elipses as pétalas de Andrómeda; pressentiu-se o explodir microacústico dum planetóide alojado numa semente; a queda asa delta amarela dum meteoro vindo do topo da árvore dissonante que ao poisar no solo levantou poeira sideral de ruídos remisturados.
O concreto e o imaginário; mais longe até a vista ficar louca de som imenso: o Sol, que naquela manhã embebedava de radiações audioextravagantes… e nos confins da Galáxia, entre os sons da Natureza - uma melodia arcaica de uma marimba e um gongo a esvairem-se...
“Música!”- o Humano não estava só no Universo…”
<vítor rua>
compositor/improvisador/artista plástico/
videasta/produtor/etnomusicólogo