João Madeira "Aqui, Dentro"
João Madeira (concepção e contrabaixo)
Cláudio de Pina (electrónica em tempo real)
António Jorge Gonçalves (desenho digital em tempo real)
Sinopse:
Uma narrativa de uma ideia — para uma ideia de narrativa. Aqui, Dentro #3 é uma performance multidisciplinar imaginada por João Madeira, que convida Cláudio de Pina e António Jorge Gonçalves para esta intrépida viagem. João Madeira pretende submeter e partilhar a sua composição original para solo de contrabaixo, através da lente interpretativa do processamento sonoro realizado por Cláudio de Pina e o desenho digital em tempo real realizado por António Jorge Gonçalves. Esta viagem tem o intuito de abrir clareiras dentro do som, de descobrir câmaras escavadas no chão, no solo de uma nota só, desvelando assim — a profundidade eletroacústica dessa escavação. O instrumento é assim tocado a quatro mãos e a duas dimensões e, por sua vez, a música que dele ressoa dá lugar de visibilidade à gestação de uma narrativa imagética, imagem da própria escuta — o desenho.
António Jorge Gonçalves e João Madeira conheceram-se em 2017 e realizaram duas experiênciasperformativas que culminam agora neste encontro, único e exclusivo no O'culto da Ajuda. A Arte bem documentada de António Jorge Gonçalves fornece a esta viagem uma abordagem única e exclusiva em que o desenho segue o som. Uma sonoridade intuitiva, rude e determinada, perene na própria indeterminação do seu percurso. Uma narrativa sonora inventada durante o acto performativo, como se essa narrativa se gerasse a si própria em uma performance imersiva — tanto no som como na imagem. João Madeira 2025
Bios:
João Madeira (1979) iniciou os estudos de música e contrabaixo no Conservatório de Lisboa, aos 12 anos. Em 2002, publicou “E a Lua Forma-se Luar” (ed. Aríon), resultado de um período em que a expressão através da poesia foi prevalecente. Logo após a sua licenciatura em Musicologia pela UNL foi investigador em etnomusicologia, coordenador de setor de música na função pública, iniciando depois a atividade pedagógica que continua a desenvolver. Como músico estudou diversos idiomas extraocidentais, antes de se dedicar à improvisação livre/composição em tempo real. Colaborou como cocriador, compositor, músico, actor, ou diretor musical, em criações como: “A Fábrica de Nada”, 2005, e “A Máquina Hamlet”, 2020 - Artistas Unidos; “Agora eu era”, 2007, Companhia do Chapitô; “Para Acabar, a partir de Artaud”, 2014; “A África de José de Guimarães”, 2012, Jorge Silva Melo - vídeo/documentário; “Parece que o Mundo”, de ACCCA/ C. Andermatt & J.Lucas, 2018, e "Celan", de Intruso / Romulus Neagu 2021 - dança contemporânea; entre outros. É o curador, compositor e diretor do ciclo performativo intitulado Golfo Místico, na galeria Zaratan em Lisboa, desde 2017. Em 2021, apresentou o seu recital solo "Aqui, Dentro" no O'Culto da Ajuda/Miso Music, editado em CD pela Miso Music em 2022. Ainda em 2021 fundou a editora 4DaRecord. Já gravou com Abdul Moimême, Daniel Levin, Dirk Serries, Ernesto Rodrigues, Fred Lonberg-Holm, George Haslam, Helena Espvall, Hernâni Faustino, Luís Vicente, Maria da Rocha, Miguel Mira, Sofia Borges, entre outros.
Cláudio de Pina (1977) Artista sonoro, improvisador, organista, compositor e investigador. Titular do órgão histórico da Igreja Paroquial da Ajuda. Investigador integrado do Grupo de Investigação em Música Contemporânea (CESEM, FCSH-UNL). Possui um Diploma de Estudos Avançados em Artes Musicais (FCSH/ESML) no domínio da música contemporânea para órgão. Mestre em Artes Musicais, na área da música electroacústica e música contemporânea para órgão, com distinção no Quadro de Honra, Melhor Mestre 2018/19 (FCSH). Encontra-se actualmente a terminar o doutoramento, na mesma área académica. Foi bolseiro de investigação da FCT de 2021 a 2024. Estudou no Instituto Gregoriano de Lisboa, Hot Jazz Club e Eng. Física na FC-UL. Estudou também com Adrian Moore, Åke Parmerud, Annette Vande Gorne, Barry Truax, César Viana, Eurico Carrapatoso, Gilles Gobeil, Hans Tutschku, Vincent Debut e Trevor Wishart. A sua produção artística e científica centra-se em: análise musical, composição, música electroacústica, música acusmática, paisagem sonora, acústica, síntese sonora, órgão e estudos de interpretação. O seu trabalho tem sido premiado, editado e publicado internacionalmente em eventos como Arte no Tempo, Aveiro Síntese, Binaural Nodar, Encontro Nacional de Investigação em Música, Encontro Internacional de Tecnologia e Música, Festival DME, Festival Música Viva, Festival Curto-cicuito, MUSLAB, Festival Zeppelin, International Society for Contemporary Music, Matera/Intermedia, Nova Contemporary Music Meeting, New Adventures in Sound Art, Perpectivas Sonoras, World Listening Project e L'Espace du Son. As suas obras acusmáticas foram publicadas nas colecções MA/IN 2019, Métamorphoses 2020 e Deep Wireless #18 2024, onde foi finalista nestes concursos. Em 2020, publicou Asteroeidēs, música para órgão e electrónica, e Palimpsestus, música acusmática. Em 2022, lançou Avant-garde Organ, uma edição crítica de obras de vanguarda no órgão histórico português. O álbum foi financiado pela Fundação GDA, com o apoio do CESEM, Ministério da Cultura de Portugal, e foi editado pela 9musas e distribuído pela Codax Music. Este álbum teve críticas favoráveis nas prestigiadas revistas Ípsilon, Scherzo e The Wire, para além de ter sido objecto de entrevistas internacionais e de transmissão televisiva e radiofónica. Em 2023, em colaboração com o nova-iorquino Andrew Levine, lançou o álbum Aether Ventus, órgão com sintetizadores modulares e theremin. Realizou o centenário de György Ligeti em 2023 no Museu Nacional da Música e na conferência internacional do NCMM. Executou oito horas do ciclo de obras ASLSP/Organ2 de John Cage no Museu Nacional da Música. Actuou na 30ª edição do Festival Música Viva com estreias de obras para órgão de Bruno Gabirro, Diogo Alvim e Ivan Moody.
António Jorge Gonçalves (1964) é um autor de banda desenhada, cartoonista, performer visual, ilustrador, cenógrafo e professor português. É autor de diversas Novelas Gráficas, e tem colaborado com diversos escritores – Nuno Artur Silva, Rui Zink, Ondjaki ou Mário de Carvalho – na criação de livros onde texto e imagem se relacionam de forma exploratória. Criou o projecto Subway Life, desenhando pessoas sentadas nas carruagens do Metro em 10 cidades do mundo. Estes desenhos foram apresentados através de um website, de um livro editado pela Assírio & Alvim, e de uma exposição em circulção. Faz semanalmente cartoon político para o Inimigo Público (suplemento do Público) desde 2003. Estes trabalhos foram também publicados no Le Monde e Courrier Internacional, e premiados no World Press Cartoon. Fez cenografia e figurinos para diversas peças de teatro. Através do método de Desenho Digital em Tempo Real e da manipulação de objectos em Retroprojector de Transparências, tem criado espectáculos com músicos, actores e bailarinos. Escreveu e realizou o filme/espetáculo Lisboa quem és tu? para ser projetado nas muralhas do castelo de São Jorge, em Lisboa. Recebeu em 2013 o Prémio Nacional de Ilustração (Portugal) pelo livro “uma escuridão bonita” (com Ondjaki, Caminho 2013) Entre 2008 e 2015 lecionou "Espaços Performativos "no Mestrado em Artes Cénicas (FSCH, Lisboa). Em 2015 integrou o projecto pedagógico 10x10 da Fundação Calouste Gulbenkian como artista formador.