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Igreja Nª Srª da Ajuda
De resto, Orpheu não acabou
Cláudio de Pina - órgão de tubos
PROGRAMA
Harmonies - György Ligeti
Phos - Ivan Moody
Phosphorescence - Ivan Moody
Roda * - Bruno Gabirro
Peça com vista - Diogo Alvim
Quasi-lontano (omaggio a Ligeti) - Cláudio de Pina
Phantasie für Orgel mit Obbligati - Mauricio Kagel
* estreia absoluta
O órgão que irão escutar foi construído há 232 anos. Costuma ser designado por órgão ibérico, mas a sua denominação mais actual e correcta é órgão histórico português. Logo, estes instrumentos representam um legado patrimonial pertinente com características únicas, incluindo a sua sonoridade. Foi restaurado em 1988 e praticamente todos os seus tubos (os sons do órgão) são originais de António Xavier Machado e Cerveira (1756-1828) – organeiro da casa real.
Destes tubos exalam sonoridades que não são plenamente utilizadas na música de vanguarda. A sua respiração usualmente devota-se à música de tecla da sua época. Não obstante, preencheremos essa lacuna com um repertório de 1967 a 2024, adaptado especificamente para este instrumento. Uma música verdadeiramente viva reinterpretada por uma vetusta orquestra de tubos que irão respirar, murmurar e clamar num secular espaço reverberante. “De resto, «Orpheu» não acabou. «Orpheu» nunca acabará.”1
O estado asmático do instrumento, normalmente tão deplorável, transforma-se aqui numa bela doença. Cria sons pálidos, quase sobrenaturais, "harmonias" desbotadas e cheias de bolor 2. (Ligeti, 1969)
1 Fernando Pessoa, 1915, Correspondência 1905-1922, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999, pp.172.
2 György Ligeti, 1969, L’Atelier du Compositeur, France, Edition Contrechamps, 2013, pp.246.